segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Olhar Retirante Servindo à Noite e aos Berços das Árvores


Do profundo de uma língua extinta
ao vasto da estrela morta.

Estudamos a noite
como se ela fosse o campo da nossa horta.

Como se plantássemos sonhos com hora marcada para nascerem.

E nascem
de cesariana durante uma noite de tempestade.

Acredito nos sóis e nos genes e no que vi pelos olhos dos outros.

Na noite comercial;
no supermercado 24 horas;
nas árvores que apanham nos berços;
no retirante que nunca vai embora.

Acreditamos no um dia a menos.
Um a menos em frente à mira.
Retirante é o que aqui não mora.
Retirante é o que se retira.

Juliana Tessaro
***

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Passaporte

Em outra vida
que não esta
beijo seus lábios,
seguro sua mão.

Em outra vida
que não esta
acontece
o que nesta não.

Andamos na praça,
sentamos à margem
de lagos serenos;

e subimos nas pedras
em uma viagem
que nunca faremos.

Na nova combinação
das coisas todas,
nesta outra dimensão,
faremos bodas.

Na outra fatia
da realidade
o silêncio do dia
será metade

do som da noite
que será o dobro.

E em torno do globo
não precisaremos
de passaporte

e toda a terra
será tão pouca
que não cobrirá
a nossa morte.


 Juliana Tessaro
***