quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Mate o Poeta


Mate o poeta
de liras camufladas,
de surtos de inverno

e deita as palavras
em leito eterno!

Mate o poeta
que se diz amante,
de palavras não polidas

que cortam a garganta
quando são engolidas.

Mate o poeta
que ao desejar o sonho
envolve-se em maldizer

e torna-se descarado
só por ser.

Mate o poeta
que fura os olhos do leitor
e o faz sangrar em lavas.

Mate o poeta
que mata as palavras.
Juliana Tessaro
***

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Dogmatismo do Fanático

Na idade do chimpanzé
eu nada queria saber.

- Fala! E eu te batizo.
fiquei calada
não disse nada
não foi preciso

a bíblia que eu não leio
que eu nunca leio a bula
não tem remédio o Anseio
e a Dúvida não tem cura
Juliana Tessaro
***

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Dor Celeste

Escrevi este há muito tempo. Elevei um pouco o cosmo dele e ficou assim:

Dor Celeste

Quando vazia eu vago
e coloco os pés no infinito.
Invade-me a dor celeste,
corta por dentro um grito.

No comprimido estômago,
explode uma supernova.
E quero - a toda prova -
ver tudo que é bonito.

Vejo o que não se olha.
Ouço o que não se escuta.
Os olhos molhados diante
das belezas na disputa.

A mim é que eu não vejo.
Olhando o sol, a minha espera.
O nada que eu desejo.
Acima da atmosfera.
Juliana Tessaro
***

Foto por Juliana Tessaro