sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Soltando Pássaros


Em um momento de impulso, como quem comia balas, ela foi até a gaiola, e sem olhar para dentro dela, girou a fechadura e abaixou a portinha.
Mais rápido que fosse possível mudar de ideia, o pássaro olhou para a mão que ainda tocava a portinha, e num pulo de passarinho voou para o céu azul, persistente, de São Paulo.
Milena segurou-se na gaiola por mais alguns segundos, não viu o pássaro voar, olhava para sua mão, como se o tempo tivesse parado, como se o pássaro fosse sobreviver, como se não estivesse louca.
O pássaro não era seu, mas para ela pássaros não eram de ninguém. A barriga redonda, o bico fino, o canto.
Andou a tarde toda por ruas que não andaria se. Procurava no céu algum pássaro, mas o céu estava vazio. Ela nunca foi muito atraída por pássaros.
Por que a tarde fazia isso com ela? - Perguntava inconscientemente. Ela sabia que as tardes a encantavam e tinham sobre ela um efeito que não sabia explicar perfeitamente. A tarde parecia sempre o fim.
Muito mais fortes eram as tardes como esta, com o sol de lado na Terra.
Andava como se fosse em linha reta. Era um quasar de buraco negro. Ajudou e atrapalhou vidas nessa tarde, assim como em todas as outras.
Olhou diretamente para o Sol e voltou os olhos rápidos, fechados para o chão. Um pouco da retina havia sido queimada mais rapidamente do que é queimada diária e lentamente.
Gostaria de poder ver o sol como ele é. Tocar o sol.

Juliana Tessaro 
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Dedicado à minha amiga Lu que me inspirou a postar no Blog de novo. E se não fosse por ela encontraríamos muitos erros de pontuação nesse texto. Dona do Blog - Admirável Poema Novo

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Mais um dela

Se a minha irmã continuar a escrever assim, não sobra espaço para mim.

Hoje quis fugir do meu lar
O berço seguro da sensatez
Banhei-me toda em emoção
Um sorriso tão largo tomou meu rosto
Tive que fechar os olhos

Subi aos céus num rodopio de bailarina
Alguns segundos me seguravam em suspensão
Foi tão certo correr o risco
Tão instável ao cair no chão

Se pudesse imaginar um pouco mais
Saberia não fazer o que pode causar dor
Buscaria o limite sem perder a cabeça
A vida é frágil
O risco que se corre, por querer viver
Não se finda enquanto posso morrer

Fernanda Tessaro
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quinta-feira, 10 de maio de 2012

Exílio


É isso que sinto no momento, nem precisei escrever meu próprio poema...


UMA CANÇÃO
Minha terra não tem palmeiras...
E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.

Minha terra tem relógios,
Cada qual com sua hora
Nos mais diversos instantes...
Mas onde o instante de agora?

Mas onde a palavra "onde"?
Terra ingrata, ingrato filho,
Sob os céus da minha terra
Eu canto a Canção do Exílio!

         Mario Quintana


sexta-feira, 4 de maio de 2012

umcavaleiroumcavaloumjumentoumescudeiro


Séculos depois, passeando por SP...estou apaixonada!!!

Pablo Picasso: Dom Quixote


quarta-feira, 25 de abril de 2012

Fernanda

Não publico os meus, mas sim os dela.


Ouço passos...
Mas, não posso ver
Quem está ai?
Sei que o conheço
Mas ainda não consigo ver
Quem está ai?
Sua mão quente toca minha pele fria
Dou um salto!
suspiro...
Só vejo uma sombra
Ele não tem identidade

Fernanda Tessaro
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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012