terça-feira, 19 de novembro de 2013

Marrentismo VIII


Não gosto mais do vento
e vivo a vida
de um aspirador de pó.

Juliana Tessaro 
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Os Marrentismos de números ímpares você encontra no blog da Lu - Admirável Poema Novo

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Rústica

 
Ser a moça mais linda do povoado.
Pisar, sempre contente, o mesmo trilho,
Ver descer sobre o ninho aconchegado
A bênção do Senhor em cada filho.
Um vestido de chita bem lavado,
Cheirando a alfazema e a tomilho...
- Com o luar matar a sede ao gado,
Dar às pombas o sol num grão de milho...
Ser pura como a água da cisterna,
Ter confiança numa vida eterna
Quando descer à "terra da verdade"...
Deus, dai-me esta calma, esta pobreza!
Dou por elas meu trono de Princesa,
E todos os meus Reinos de Ansiedade.

Florbela Espanca (Charneca em Flor )

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Quando li soube que foi escrito para Fernanda, Luciana e para Denise Marrentinha que me apresentou esse monstro que é a Florbela.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

O Sol no Topo do Prédio


O sol no topo do prédio.
Embaixo há sombra.

O que assombra é o ódio,
a apatia e o tédio
de ter o que comer.


Juliana Tessaro
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terça-feira, 23 de julho de 2013

Marrentismo VI


Ridículo é uma palavra
sem antônimo. Palavra tão neutra.
Poderia ser o meu nome.

Juliana Tessaro 
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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Mu Cephei


Morrer poderá aquele que já morreu?
Poderá perder-se o fantasma entre as sombras da sua própria noite?
Como a sorte atuou enquanto ele viveu?
Rodopia a sorte em minha órbita, os escombros de um satélite.

Seria ele um encanto ou um enfeite?
confeito do bolo que gira em torno da vela

se apaga um dia num espasmo um dia no espaço
e assisto hoje a morte daquele que já morreu
e perde-se o fantasma em sua noite em sua sombra
e na poeira que hoje é o que um dia foi a sua obra
perde-se o encanto o bolo e o enfeite
e apaga-se a vela

Juliana Tessaro
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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Marrentismo IV



  Foto por Juliana Tessaro.
                                                                                                                                                                                   


Marrentismo IV

Tudo é cimento duro.
Em torno do rio
um muro.


Juliana Tessaro
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Ismália no Tatuapé

Foto por Juliana Tessaro

Quem nunca se apaixonou por Ismália não gosta de poesia! É lindo, é maravilhoso! Mas acho que um dos versos ficou perdido no metro Tatuapé... o verso "As asas que Deus lhe deu" não está lá. Cadê as asas da Ismália? (só repara quem decora poemas)

Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...


Alphonsus de Guimaraes

sexta-feira, 22 de março de 2013

Marrentismo II

                                                                       Foto por Thicma

Marrentismo II

Todos choramos
a extinção
da margem de erro

Juliana Tessaro 
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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Mate o Poeta


Mate o poeta
de liras camufladas,
de surtos de inverno

e deita as palavras
em leito eterno!

Mate o poeta
que se diz amante,
de palavras não polidas

que cortam a garganta
quando são engolidas.

Mate o poeta
que ao desejar o sonho
envolve-se em maldizer

e torna-se descarado
só por ser.

Mate o poeta
que fura os olhos do leitor
e o faz sangrar em lavas.

Mate o poeta
que mata as palavras.
Juliana Tessaro
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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Dogmatismo do Fanático

Na idade do chimpanzé
eu nada queria saber.

- Fala! E eu te batizo.
fiquei calada
não disse nada
não foi preciso

a bíblia que eu não leio
que eu nunca leio a bula
não tem remédio o Anseio
e a Dúvida não tem cura
Juliana Tessaro
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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Dor Celeste

Escrevi este há muito tempo. Elevei um pouco o cosmo dele e ficou assim:

Dor Celeste

Quando vazia eu vago
e coloco os pés no infinito.
Invade-me a dor celeste,
corta por dentro um grito.

No comprimido estômago,
explode uma supernova.
E quero - a toda prova -
ver tudo que é bonito.

Vejo o que não se olha.
Ouço o que não se escuta.
Os olhos molhados diante
das belezas na disputa.

A mim é que eu não vejo.
Olhando o sol, a minha espera.
O nada que eu desejo.
Acima da atmosfera.
Juliana Tessaro
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Foto por Juliana Tessaro