quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Centro


Sou um ser sem gosto.
No desgosto faço meu sossego.
De passagem quero ver seu rosto,
e confesso: ao meio dia esqueço.

Sou um tanto desajeitado,
na cidade faço harmonia.
Sou do centro. Do meu nariz
escorre
a cor que não representa o dia.

Em meu dorso sou pesado e lento
do meu ventre só rimará o vazio.
Entre cabos e desenlaços
sou concreto, mas já fui um rio.

Fernanda Tessaro
***