Sou um ser sem gosto.
No desgosto faço meu sossego.
De passagem quero ver seu rosto,
e confesso: ao meio dia esqueço.
Sou um tanto desajeitado,
na cidade faço harmonia.
Sou do centro. Do meu nariz
escorre
a cor que não representa o dia.
Em meu dorso sou pesado e lento
do meu ventre só rimará o vazio.
Entre cabos e desenlaços
sou concreto, mas já fui um rio.
Fernanda Tessaro
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